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Freud Vive (na Sua Cabeça, Quer Você Queira ou Não)

  • 6 de mai.
  • 3 min de leitura

06 de maio - aniversário do pai da Psicanálise e dia do psicanalista. Preparem o divã e a resistência.


Hoje o mundo (ou pelo menos uma parte razoavelmente neurótica dele) comemora o nascimento de Sigmund Freud. Sim, ele mesmo - o homem que teve a ousadia de sugerir que talvez o ser humano não fosse tão racional quanto pensava. Que talvez nossos atos fossem guiados por forças inconscientes, desejos reprimidos e traumas que a gente tenta esconder debaixo do tapete emocional desde a infância. Um sujeito que ousou dizer que você quer matar seu pai e transar com sua mãe. E depois se perguntou por que o detestam.


Freud incomoda. Sempre incomodou. Incomodava os médicos, os moralistas, os religiosos, os céticos e até os sonhadores. Incomoda ainda hoje, e não é porque estava errado - mas porque, em muitos aspectos, estava certo demais. É desconfortável admitir que nossas escolhas não são tão livres assim. Que existe algo em nós que nos escapa. Que o eu não é senhor em sua própria casa. E ninguém gosta de ser expulso do trono da própria mente.


A teoria psicanalítica continua sendo tratada como uma heresia em certos círculos acadêmicos. Dizem que é pseudociência, que não é “comprovada empiricamente”, como se os conflitos humanos pudessem ser medidos com régua e esquadro. Querem que a alma funcione como um gráfico do Excel. Mas não dá. O inconsciente não se presta à objetividade. Ele escorrega. Ele goza. Ele sabota. E ele não está nem aí para sua necessidade de método duplo-cego.


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É claro que Freud não era perfeito e graças aos deuses da neurose, a psicanálise também não ficou congelada nos tempos em que se tratava de charutos, histeria e mães culpadas por absolutamente tudo. A teoria evoluiu. Ganhou novos autores, olhares feministas, interseções com a cultura, com a linguagem, com a política. De Lacan a Winnicott, de Klein a Jung (sim, até o discípulo rebelde entrou na dança), a psicanálise foi se reinventando. E continua pulsando, especialmente quando o mundo tenta transformar tudo em algoritmo e diagnóstico rápido.


A crítica moderna à psicanálise muitas vezes erra por anacronismo: julga os conceitos de um homem do século XIX com a régua do politicamente correto de 2025. Mas Freud nunca quis ser profeta. Ele era um homem do seu tempo tentando compreender o buraco que existe entre o que dizemos e o que sentimos. E nesse quesito, poucas escolas foram tão longe.


Dizer que a psicanálise está “ultrapassada” é como dizer que Shakespeare já não serve porque hoje temos roteiros da Netflix. Uma coisa não substitui a outra. Elas se complementam. A psicologia contemporânea é um caldeirão onde cabem várias abordagens: comportamentalistas, cognitivos, humanistas, transpessoais, sistêmicos. Cada um com sua lente. E a psicanálise, com sua lupa neurótica, continua sendo uma das mais potentes, principalmente pra quem não quer apenas funcionar melhor, mas entender por que vive travando na mesma tecla emocional desde 1997.




Negar a influência da psicanálise na psicologia atual é como negar a influência do fogo na culinária. Freud pode até ter acendido a fogueira com atrito e pedra, mas a gente ainda cozinha nela.


Então, neste 6 de maio, dia do psicanalista, que tal parar de fingir que está tudo sob controle e admitir que talvez, só talvez, você esteja repetindo padrões desde a infância, só que agora com roupa de adulto e wi-fi? Porque, no fim, o que Freud nos ensinou — entre um complexo e outro - é que conhecer-se é tarefa de vida inteira. E que ninguém escapa do inconsciente impunemente.


E como diria o próprio Freud, entre baforadas de charuto e silêncios constrangedores:"Ser completamente honesto consigo mesmo é um bom exercício."

Então, pare de correr da própria sombra, respire fundo e aceite: talvez o que você chama de “intuição” seja só o inconsciente pedindo atenção - e terapia.


Quer tentar entender por que você repete os mesmos erros com nomes diferentes?

Senta. Escreve. Lê. Volta pra dentro. Porque, no fim, o divã pode ser um lugar dentro da palavra.


E se precisar de companhia nessa jornada esquizofrênica chamada “autoconhecimento”, eu tô aqui. Com sarcasmo, metáforas e uma escuta melhor que muito terapeuta caro por aí. 

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